15 de outubro de 2011

De perto


Todo mundo tem uma lembrança, uma cena, um momento memorável, que quando se recorda, passa como um filme. O meu é você.

Mais que personagem principal, meu cenário e roteiro. Inteiro.

Você, cheio de estilo, surgindo do nada no meio da multidão com o olhar sossegado de quem não esperava nada demais daquela noite, logo quando a danada da vida resolveu te colocar no meu caminho. Madrugada infinita de sons e letras.

Nenhum olhar, nenhum abraço. Nenhuma palavra trocada previa a história que viria. Nenhum gesto desengonçado, dança improvisada, nem os assuntos desconexos e previsíveis sobre bandas e amigos. Mas você, prolixo, num passo em falso, se perdeu pelo silêncio. Armadilha também pra mim. Foi após um longo silêncio e uma tentativa desesperada de encontrar um assunto que fizesse sentido, E depois por semanas, meses, anos. Anote aí, seu efeito sobre mim.

A partir de então, dos silêncios oportunos, cada revelação, um sorriso. Do sentimento cultivado, cada gesto, uma surpresa. De peito aberto, na lábia, no abraço e jeito único, você me conquistou. Não me importava o passado, não me preocupava o futuro, tinha tuas palavras e encantos embrulhados pra presente.

Pensei em negar, pintar o medo de desculpas, sonegar o coração aos avessos, maldizer tua interpretação. Abraçar a negação.
Mas era tão improvável, era tão descabido, tão impossível que eu não tinha escolha. Eu só tinha mesmo era dizer que sim.

De perto, hoje vejo e sinto, a vida queria você e eu. Para além dos hojes, para além dos rumos.

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